Você já viu isso antes.
E nem vou muito longe logo nesta frase inicial para descrever o que foi este episódio de estreia de Continuum. Se você pegar e distorcer um pouquinho sem o elemento de ficção científica, Continuum é praticamente uma versão sci-fi de Alcatraz, dentro de suas limitações comparativas e com a premissa de ir prender uns fugitivos que estão em "outra linha temporal por qualquer que seja o motivo".
Só que existe um grande abismo quando vimos como uma produção canadense e de baixo orçamento conseguiu criar tão bem seus elementos futurísticos e engatilhar uma premissa promissora com elementos que podem fazer sucesso numa emissora a cabo.
A minha maior preocupação com Continuum era exatamente a falta de dinheiro para garantir bons efeitos e construir sua mitologia a partir dele. Claro que as cenas no futuro duraram pouco menos de 10 minutos e a "fuga temporal" foi uma escapatória para voltar para o presente e se desenvolver aqui, em 2012, nas ruas de Vancouver.
A série traz um grupo de terroristas de 2077, que para fugir de sua sentença de execução, tenta voltar em seis anos no tempo, mas tem dois problemas: o primeiro, é que trouxeram a Protetora, uma espécie de policial deste futuro, Kiera Cameron (Rachel Nichols) consigo e acabaram voltando 60 anos no tempo.
O grupo terrorista, conhecido como Liber8, tenta lutar contra o governo do Congresso Corporativo, formado por grandes empresas que assumiram o controle global quando os governos entraram em falência. A discussão ética e moral, além da pequena crítica a atual situação dos governos, deram um primor e inteligência bastante interessante para a série.
O problema é que, aparentemente, vamos ver que os integrantes do Liber8 estarão lutando por uma causa "justa", guardada as proporções de justiça e ataques terroristas que causaram a morte de 30 mil pessoas. É bastante claro que, caso a série ganhe uma segunda temporada, veremos Kiera lutando ao lado dos "vilões" para garantir que o controle corporativo caia.
Posso estar enganado pela violência dos "terroristas" da Liber8, mas, para mim, a influência deles no nosso presente pode mudar o futuro para até pior do que já é. Talvez seja este o ponto da temporada, tratar e mostrar que a causa, mesmo analisada com uma visão míope, pode ser o lado correto da história.
Um problema, em minha opinião, foi a revelação rápida e simplória de quem é Alec Sadler (Erik Knudsen). Alec é, em 2012, um garoto gênio e nerd que descobre que uma de suas invenções começou a funcionar graças a chegada de Kiera. Na verdade, Sadler foi quem inventou a tecnologia e construiu um império com uma indústria tecnológica que fornece os equipamentos para a polícia de 2077.
Não sei quanto a vocês, mas a função de seu padastro na história pode ser importante para a criação futura do personagem. Ficou claro que ele tem tudo e mais um pouco para virar um vilão próximo à William Bell (Leonard Nimoy, em Fringe). Claro que são só estipulações, mas seria interessante ver como e porquê a transformação aconteceu.
O que também pareceu é que ele pode ter sim tido alguma relevância para a fuga do chefes da Liber8, tanto é que o marido de Kiera - que trabalha na Sad Corps. (empresa de Sadler no futuro) - soou um pouco preocupado em vê-la na sala de execução,não sei se foi por causa do dispositivo que eles acionaram ou se ele sabia dos planos de fuga, mas tudo foi um pouco estranho demais.
Eu não sei quais são os pontos e como a série quer ser desenhada, ela tem bons elementos sci-fi e na parte policial não pecou em nada (a não ser no policial que a Kiera arrumou como encosto). Darei a chance que dei a Fringe para Continuum e espero não me decepcionar em nada.
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