Quando o talento importa mais do que a destruição alheia.
Finalmente, depois de dois anos da criação do formato pela Talpa lá na Holanda, o reality show que virou um fenômeno mundial rapidamente estrou pela Rede Globo e com um saldo mais do que o positivo. Claro que o The Voice Brasil ainda necessita de alguns cuidados especiais, principalmente em relação à química e o desenvolvimento dos treinadores da edição.
Uma coisa também é certa, para quem acompanha as outras versões do programa, como a americana, a britânica ou a australiana, por exemplo, deve ter estranhado em muitos sentidos o que nos era mostrado. O ritmo do The Voice Brasil é completamente diferente dos seus "irmãos mais velhos", o que, na minha opinião, é muito bom e traz um diferencial pro programa - além de não contar com aquele mimimi irritante da versão americana.
Para quem não conhece a fórmula, esse episódio inicial foi um excelente tutorial para explicar, pelo menos, a fase inicial, a fase das audições às cegas, onde os treinadores ficam de costas ouvindo exclusivamente a voz do candidato, não importando se é bonito, se é gordo ou se é feio, a única coisa que importa será a voz.
O painel de treinadores da nossa versão é controverso desde a escolha inicial. Contando com Cláudia Leitte, despontando como a pior jurada da edição; com Daniel, que não fede e nem cheira; com Carlinhos Brown, indiferente; e Lulu Santos, o cretino que sambou na cara de Carlinhos e é de longe o melhor jurado; o painel não demonstra muita química, mas creio que com tempo eles melhoram. Assim espero.
Uma coisa extremamente positiva é o Tiago Leifert, que sapateia na cara de Carson Daly, apresentador da versão americana, de forma linda. Ele está bem no papel de apresentador de programa de variedades, mesmo vindo do jornalismo esportivo. Tudo bem que houve momentos que ele parecia meio perdido, mas estava bem no programa.
Assim como em todas as versões, o programa de estreia começou com uma versão bastante legal de "Assim Caminha a Humanidade", nos lembrando os bons tempos de Malhação e animando a galera para as audições que já veio na sequência.
Por falar nas audições, o The Voice Brasil consegue ser superior ao americano na questão do ritmo. Tudo bem que não deu pra criar empatia por nenhum candidato neste momento e que tivemos pouco tempo ouvindo as suas histórias, mas pelo menos não fomos martirizados pelas histórias enormes e arrastadas que vemos todo programa no parente da terra do Tio Sam.
A primeira audição do dia foi a de Gabriel Levan, que cantou "Come Together", dos Beatles. Eu achei estranho no primeiro momento por não estar esperando que cantar em inglês estava liberado, mas ele foi me conquistando aos poucos. É um cantor meio verde ainda, mas tem potencial e uma boa voz. Ele conseguiu conquistar Lulu Santos e o Daniel, e daí vimos o primeiro problema: a falta de argumentação para conquistar o candidato. Enfim, o menino escolheu o Lulu, que era o único ali com comentários bem colocados.
Em seguida tivemos a linda da Liah Soares, que ao som de "As Rosas Não Falam", do Cartola, e foi além do que eu esperava. Ela tem uma voz suave e marcante, soube trabalhar bem os vocais e acertou bem a nota mais longa. Depois de ser escolhida por todos os jurados, optou em ir trabalhar com o Daniel. Vai lá saber o porquê.
Gabriel Camilo veio em seguida e tentava conquistar os jurados cantando "A Lua Que Eu Te Dei", da diva Ivete Sangalo. Achei que ele estava cantando em um único tom, você não via bem os nuances das notas e praticamente não ouvi um melisma bem feito. Claro que ele pode ser melhor desenvolvido futuramente, mas achei apenas ok. E a minha explicação foi mais convincente do que a de todos os jurados ao não virarem suas cadeiras... Acho que deveriam ter me chamado pra ser jurado dessa naba.
Pra quem acompanha a fórmula sabe que duos é bem comum, mas vamos fingir que fomos surpreendidos ao ver Bruno & Camila tentarem a sorte no programa. Os irmãos cantaram "Just a Kiss", da banda country Lady Antebellum. Confesso que só amei pela beleza da lindinha da Camila, achei um pouco desentrosado e sem harmonia, mas apresentam bastante potencial. Foram escolhidos apenas por Carlinhos Brown.
Depois disso tivemos Hercinho Gouveia, que tentou convencer os jurados ao som da canção "Chuva", da banda reggae Planta e Raiz. Eu fiquei entediado, mesmo gostando do estilo e da versão original. Achei monótono e sem graça. Próximo.
Digo, a próxima. A excelente Ellen Oléria, que desponta como a minha preferida nesse episódio de estreia. Ela tocou e cantou "Zumbi", de Jorge Ben Jor. Com 20 segundos de audição já tinha comovido 3 dos 4 jurados. Ela é uma cantora powerhouse cheia de energia, com uma voz excelente e me fez amar cada verso da canção. Escolheu ir trabalhar com Carlinhos Brown, por "vínculo estético", seja lá o que isso signifique.
E você fica se perguntando: "E Cláudia Leitte? Tava dormindo?" Pois bem, depois de ficar muito ocupada arrumando incessantemente o cabelo, ouviu o Breno Lima, que parecia um cover do Jota Quest ao cantar a canção da banda, "Do Seu Lado", e depois de disputá-lo com Carlinhos finalmente saiu do zero-a-zero.
E com Gustavo Fagundes só faltou tocar "I'm Sexy and I Know It", porque até o Tiago Leifert ficou nos atentando a beleza do rapaz. Mas como isso não importa, lá foi o moço - uma versão mais malhada do Marcelo Adnet - cantar "Viva La Vida", do Coldplay. A voz é boa, não é das melhores pelo que vimos no programa, mas gostei do timbre, acertou aquele falsete e mandou bem nas notas mais altas. Foi escolhido por todos, mas optou ir trabalhar com Lulu Santos. Sábia escolha, rapaz.
Em seguida tivemos Mayara Prado tentar conquistar os jurados com a música "Fruto Especial", do Bruno & Marrone. Enquanto eu ficava esperando o Daniel virar, o Carlinhos Brown foi mais ligeiro e o único a querer a moça. Outra coisa, só eu fiquei meio distraído olhando para um certo lugar em vez de prestar atenção à sua voz?
Se não consegue vaguinha no The Voice americano, nada melhor do que vir pro Brasil. Brincadeira, mas a nova-iorquina Alma Thomas, falando melhor português do que muitos brasileiros, foi a primeira a tentar o "Adele Card" e apresentar "Someone Like You" da diva britânica. Mesmo gostando da voz e achando que ela errou em alguns momentos, desejava ver o Simon Cowell nesse painel falando "please, don't sing Adele". Foi aprovada por todos e escolheu o Daniel para ser seu treinador.
Tempo para a audição de Greicy Schwendner, que quando houver o makeover para a fase de programas ao vivo, precisará trocar desse nome. Cantou a música "Tempos Modernos", abertura da atual temporada de Malhação e que pertence ao Lulu Santos, com muita energia e poderio vocal. Amei com todas as minhas forças. Foi escolhida apenas pelo Lulu. Que sorte, hein!
Sabe aquele reality que buscou o elenco do High School Musical? Então sabe aquela série (Quando Toca o Sino) que foi criada posteriormente a gravação do filme? E daí é apresentada como backing-vocal do Latino e eu fico me perguntando "Como assim? Ela canta quinze vezes melhor!". Mas Karol Cândido realmente surpreendeu a todos ao cantar um mash-up de "Negro Gato", de Renato e Seus Blue Caps, com "Vem Quente Que Estou Fervendo", do Erasmo Carlos. Voz sensacional, linda e com talento. Minha favorita. Foi escolhida pela Cláudia e pelo Carlinhos, e escolheu o segundo ao ouvir o comentário cretino de Cláudia: "A gente tem cabelo igual! Vem!".
Tivemos também Marianna Eis, que cantou uma versão meio blues da canção dos jurados da versão americana, Adam Levine (Maroon 5) e Christina Aguilera, com "Moves Like Jagger". Adorei a versão, achei bastante original e única. Gostei da candidata e tem boa voz. Foi escolhida por Carlinhos e Cláudia, mas escolheu a Cláudia Leitte.
Finalizando o programa comigo me perguntando "como chegou uma carta naquela oca?", foi a vez do índio Yuri Maizon, que quando subiu ao palco estava parecendo uma versão bisonha do Luan Santana. Cantou "Sinônimos", de Chitãozinho & Xororó, e me surpreendeu, mostrando um talento bastante bacana, aliás, acima de alguns dos aprovados. óbvio que ele não possui conhecimento técnico, mas se fosse escolhido ele poderia ser bem desenvolvido. Uma pena.
Semana que vem tem mais The Voice Brasil, com mais candidatos para mostrar seu potencial e surpreender os jurados. Por enquanto, vamos recapitular os times, além de adicionar a minha opinião particular sobre o time a qual estou torcendo.
Team Lulu: Gabriel Levan, Gustavo Fagundes e Greicy Schwender.
Team Carlinhos: Bruno & Camila, Ellen Oléria, Karol Cândido e Mayara Prado.
Team Cláudia: Breno Lima e Marianna Eis.
Team Daniel: Alma Thomas e Liah Soares.
Mesmo achando que o Lulu é o melhor jurado, o melhor time é o do Carlinhos. Adorando a Ellen e a Karol, são as melhores e as minhas preferidas, apresentam boa qualidade vocal e possuem qualidade técnica, sem contar o potencial. Então veremos.
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