quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Being Human US - 03x01 - It's a Shame About Ray (Season Premiere)

Qualé, Vampiraidan, nada de desistir de viver, todos vamos sair vivos no final dessa história... Ou não.

O remake da SyFy para o sucesso britânico homônimo está de volta para um terceiro ano em que eu creio que "buscar ser humano" está em um novo nível de compreensão. E por mais que a trama fosse riquíssima em seu término no final da temporada anterior, parece que os produtores estão empenhados em transformar e levar a história a um novo patamar.

Tanto é que este episódio conseguiu ser, no mínimo, perturbador. E no melhor sentido desta palavra. A temporada começa com um episódio que ao mesmo tempo enriqueceu a trama com novos arcos, soube retomar o que foi deixado e ainda abrir novas possibilidades para o que já existia.

Por mais complexo que isso possa parecer, os 15 meses que se passaram desde o derradeiro final da temporada anterior em que tudo deu errado para todo mundo, este episódio difere em relação a temática e ao rumo proposto lá na sua premiere anterior, no início da segunda temporada, em que simplesmente amarrava os arcos abertos no final da primeira e deixava para os subsequentes introduzir a nova história. Não, não foi nada disso o que vimos.

Foi uma mistura completamente inusitada e que eu não esperava, onde resolveu apenas alguns de seus problemas e transformou os antigos em algo totalmente novo. Being Human se reinventou, digamos desta forma, e isso é muito bom. Muito bom para a proposta em que estamos diante e muito bom pra nós, telespectadores, que teremos de desvendar "um novo mundo". Ou pelo menos uma nova dinâmica.

Se você esperava e achava que tudo voltaria ao normal, se engana. Estes 43 minutos foram preenchidos de novas vertentes, novas dúvidas, novo personagem e quem fugiu dos spoilers acabou se deliciando com muitas surpresas.

A começar com Josh e Nora. O casal que estava sob a mira da arma de Ray, o lobisomem que transformou Josh, em um twist, conseguiram o que queriam: Se salvarem e, acima de tudo, salvarem Josh. Pois é, Josh não é mais um lobisomem e, por incrível que pareça, isso não me incomodou. Sempre tenho algum problema quando abordam a "cura" de determinada sobrenaturalidade e não conseguem transferir em tela um contexto bem aplicado, e com Josh isso não me incomodou.

Não vou dizer que eu gostei também, porque eu não espero que sua condição "humana" vá funcionar por muito tempo. Mas acho que pra isso temos Nora. Aliás, a química entre os dois nunca esteve tão bacana. Ao mesmo tempo em que você acreditava em cada palavra, você sentia um tom irônico e descontraído em diversas cenas. Numa raridade realmente cativante.

E são eles quem são os responsáveis por narrar este início de nova fase. São eles quem tem de ir atrás de seus dois amigos que sumiram e estão perdidos. Uma no que acham ser o limbo. E outro onde Deus sabe lá onde fica.

A busca atrás de médiuns e feiticeiros deu o ar da graça em um momento, mas fica sério ao ver a mulher que tentou exorcizar Sally de volta. E desta vez pra ajudar. Ou talvez não. Ela sente que alguma coisa está errada... O quê, exatamente? É uma excelente questão.

E daí encontramos Donna Gilchrist (Amy Aquino), uma espécie de bruxa com um feitiço pra trazer Sally de volta. Literalmente de volta. Quando eu entendi do que se tratava eu pulei, literalmente, da cama e falei "oi?". E quando paro pra pensar, isso realmente faz mais sentido do que simplesmente trazer o espírito dela de volta. Ponto pra produção.

O feitiço (usando magia afrodescendente, certamente) foi um espaço pra Sam Huntington brilhar mais do que já havia feito no episódio. O descontrole em saber se aquilo realmente estava funcionando, ver tudo o que ele precisou fazer pra poder conseguir os "ingredientes" para a "poção" e os diálogos com a Nora deram ainda mais destaque pro trabalho excelente do ator.

Agora, como Sally é uma fantasma camarada e nós sabemos que ela é mais gente boa que o Gasparzinho, pode ter certeza que isso ainda vai desandar. Motivo? Como três almas vão habitar um único corpo humano? Aliás, preciso deixar registrado a sensatez de Josh em entender que Stevie Nicks (vocalista da banda Fleetwood Mac) estava com a Sally. Eu tive uma crise de risos interminável.

Voltando, Sally, e seus companheiros amado de limbo, Stevie e Nick, contam basicamente em poucos segundos sua estadia durante esses quinze meses de limbo. Fazendo exatamente a mesma coisa por quase 800 vezes pra ter o mesmo resultado. Só que não da última vez, durante a execução do tal feitiço, que os trouxeram de volta. Quero muito ver como decorrerá essa derradeira situação dos três dentro do corpo da moça, além das claras consequências que enfrentaram com isso.

Assim, ficamos com Aidan. Que mesmo deslocado da atenção central entre Josh, Nora e a busca por Sally, consegue ter momentos de brilhantismo. A cena em que Aidan tem a ilusão e conversa com Josh, Sally e Bishop me fez rir, ao mesmo tempo que me fazia questionar da total solidão do personagem. Acho que desde o primeiro ano vamos vendo Aidan deslocado das ações que envolvem Josh e Sally, mas por mais que eles estivessem longe, eles sempre estavam perto. Se é que deu a entender. O fim, de certa forma trágico, dosado numa sequência lindíssima ao som de "Skinny Love", mostra a força dessa união da consciência do personagem aos amigos, e será essa união que o fará sobreviver diante da morte quase iminente.

E aqui também vemos a inserção de um plano de fundo completamente diferente ao habitual. A questão dos originais e do vírus que tem se espalhado pelos vampiros. Durante parte do episódio eu achei que o motivo seria simples e a resolução terminaria com a clássica verbena, mas não parece tão simples. E esse é um ponto que a temporada terá de trabalhar.

Para quem pergunta, os 15 meses que se passaram funcionam? Sim, o salto temporal não só nos poupa do tempo em que Sally estaria brincando de repetir a mesma coisa 800 vezes no limbo e ouvir o Aidan dizer que não iria morrer enquanto estava enterrado, não houve nada aparente de importante neste período, o que faz do risco do salto ser pulverizado e ser ainda melhor ver a história ocorrer deste ponto.

Para encerrar, Donna, a bruxa afrodescendente, está aprontando alguma. E esse mistério me intrigou de um jeito ainda mais inesperado. Não sei qual é a dela com o corpo do Ray e só nos resta esperar para o que a temporada ainda irá nos mostrar para descobrir. Assim espero.

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