domingo, 15 de janeiro de 2012

Dercy de Verdade: Minissérie

Uma das biografias televisivas mais bem feitas nos últimos anos na televisão nacional.

Sempre quis fazer algum texto falando sobre a televisão nacional, mas me faltava tempo e paciência e, depois de acompanhar uma estreia medíocre e despresível de um realty show com fórmula desgastada por acaso, me vi diante de uma obra linda e mágica através do trabalho de adaptação de Maria Adelaide Amaral e de direção do incrível Jorge Fernando.

Compactar em apenas quatro episódios, com duração aproximada de 30 minutos, 101 anos vívidos de uma das maiores personalidades da história da televisão brasileira é tarefa para poucos, e a produção da minissérie conseguiu e cumpriu com êxito.

Talvez o mais acertado pela equipe do programa foi atrever-se a não apenas mostrar o lado que a grande maioria dos telespectadores a conheciam, a faceta cômica, irreverente e sem papas na língua, a minissérie conseguiu mostrar através de dramacidade uma Dercy, desculpe pelo clichê, de verdade.

Grandes méritos vão para Heloísa Périssé, que conseguiu ditar o ritmo e incorporar ambos os lados de Dolores Gonçalves Costa sem comprometer a narrativa com atuações robóticas, esteriotipadas e caricatas, atingindo um verdadeiro grau de dramacidade e elegância até quando expelia palavrões em cena.
Outro grande mérito foi o fato de Maria Adelaide Amaral juntar o útil e o agradável, narrando dentro de uma única trama uma peça teatral narrada por Fafy Siqueira, momentos reais de Dercy Gonçalves e a concepção da série com Luisa Périssé, Heloísa Périssé e Fafy Siqueira dando vida a atriz, comediante, apresentadora e, acima de tudo, boa mãe e com princípios.

Um fato que me surpreendeu foi de ouvir os palavrões. Fiquei preocupado com a produção em se conter por conta de vir de uma emissora rígida, cheia de preceitos e valores, e fiquei feliz em ver que nem Jorge Fernando, e nem Maria Adelaide os deixaram de fora.

Atento a dizer que a cenografia, a ambientalização, a fotografia e a sonoplastia foram acertadas, independentes de reciclar coisas que já havíamos visto em produções da própria emissora, como Chocolate com Pimenta (2004).

Dercy de Verdade trouxe ao telespectador, narrado em doses de drama e comicidade, a real face de Dercy Gonçalves e cumpriu, da forma mais surpreendente e positiva, com o que prometeu. Foi além de uma biografia que ia apenas ao superficial, ela conseguiu penetrar e ser penetrante no coração de quem acompanhou a microssérie.

Enfim, encerro este texto muito mais recomendando a série do que simplesmente criticando-a. Pelo menos, diante do que a televisão brasileira ultimamente anda inunndada, Dercy de Verdade consegue ser uma distração com alívio cômico, como também com momentos emocionantes. Recomendação máxima.

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