Se roubarem esse Emmy de melhor atriz da Tatiana Maslany, eu vou incorporar a Helena e sair dando facada até no cachorro do vizinho.
Dito isto, não preciso sequer apresentar a maior e mais incrível surpresa na minha watchlist em muito tempo (acho que desde que escrevi sobre Hit & Miss eu não fico tão grato assim por uma temporada de uma série). A proposta da BBC America, adquirida do canal canadense Space, consegue mesclar, entre muitos pontos, todas as vertentes dos gêneros televisivos.
É cômica quando precisa. É séria quando necessário. É fictícia e surreal quando quer. É real quando você menos espera.
Orphan Black, com criação de Graeme Manson e John Fawcett, é brilhante. Ponto. Não precisa nada a mais ser adicionado. Quer dizer, nada além de dissecar o excelente trabalho desempenhado e demonstrado em tela pela atriz canadense Tatiana Maslany, que começa a receber o prestígio dos críticos e soma indicações para o Critic's Choice Television Awards e para o Television Critics Association Awards.
Narrando a história de Sarah Manning (Maslany), uma inglesa problemática que vê uma cópia de si mesma, Beth Childs, se suicidar inexplicavelmente ao se atirar em frente a um trem em movimento, Orphan Black mostra ousadia e um trabalho incrível. Assim, aproveitando a morte de Beth e roubar os pertences da cópia, Sarah se enfia em um monte de situações em busca da verdade, enquanto tenta limpar a conta bancária de Beth e tentar recomeçar a vida longe do seu ex-namorado traficante e abusivo, Vic (Michael Mando), ao lado de sua filha, Kira (Skyler Wexler), que está sob a guarda de uma espécie de mãe adotiva de Sarah, Mrs. S. - Siobhan (Maria Doyle Kennedy).
O problema de Sarah é que Beth era uma detetive. E, além disso, tenta encontrar alguma ligação entre suas semelhanças com a suicida. Neste meio termo, Sarah ainda tem que brincar de casinha, já que Beth morava com Paul (Dylan Bruce). A coisa se complica quando Sarah descobre que é um clone e conhece outras de suas versões, se aliando a Cosima Niehaus e Alison Hendrix (um beijo em especial pra Alison, essa coisa divertida e possuída que é, talvez, a melhor personagem de Maslany), depois de ver Katja Obinger ser morta e descobrir que outras três clones - Danielle Fournier, Aryanna Giordano e Janika Zingler - também estão mortas.
Mas quem teria o interesse em matá-las? Se você disser que era outro clone, acertou em cheio. Helena, uma religiosa fanática aliciada por um tal de Tomas e mentalmente instável que acredita ser a "original" e quer apagar as cópias. Tomas é um proletiano que é oposto às ideias de neolução e ao Dr. Aldus Leekie, que conhecemos como dono do Instituto Dyad e o principal responsável pelo movimento neolucionista e pela criação das clones.
Mas como já disse, Beth era uma detetive. E como esconder toda essa história da polícia? Ainda mais se Sarah se infiltra no meio fingindo-se ser Beth? Quais as chances de isso dar errado? Pois é, tudo se complica quando seu parceiro (ou parceiro de Beth?), Art (Kevin Hanchard), começa a investigar um caso de assassinato (do corpo de Katja, enterrado pela própria Sarah em um canteiro de obras) e que interliga tudo e não põe um ponto em nada.
A partir desta premissa, temos uma sequência alucinógena de acontecimentos, sempre buscando e tentando entender quais são os motivos para a criação dos clones, bem como descobrir quem são os "vigilantes" de cada um dos clones, responsáveis em ficar de olho em cada uma e permitir que o Instituto Dyad fizesse experimentos com as clones durante a madrugada.
E é aqui que temos um dos melhores momentos da temporada. De longe, o mais divertido. Quando Alison acha que Aynsley (Natalie Lisinska) é sua vigilante e que ela está tentando acabar com a vida da própria Alison. O oitavo episódio, "Entangled Bank", é, sem dúvidas, o melhor de toda a obra, quando Alison tem uma intervenção de Aynsley e familiares por ter dormido com o marido da vizinha.
A temporada tem um fechamento ainda melhor do que seu desenvolvimento, com a surpresa de que tanto Sarah, quanto Helena, foram geradas pelo mesmo útero. As únicas verdadeiramente irmãs de toda a história. E melhor ainda quando Helena mata a tal geradora, Amelia (Melanie Nicholls-King), e temos um confronto entre Sarah e Helena.
No mais, temos de adicionar a brilhante performance de Jordan Gavaris, como Felix, o irmão adotivo de Sarah, que muitas vezes permeia todas as histórias e vê seu apartamento invadido por clones, como Cosima e Alison, que buscam refúgio por lá.
Se você ainda não viu esta delícia complexa e incrivelmente suculenta, você pode estar perdendo uma das melhores séries do ano e, certamente, o melhor desempenho por uma atriz com o trabalho de Tatiana Maslany, que dá vida a não uma, duas ou três personagens diferentes, mas sim SETE! Tire sua bundinha da cadeira e corra pra ver este primor de trabalho da BBC America.
0 comentários :
Postar um comentário